Estudantes da Licenciatura Intercultural Indígena do Sul da Mata Atlântica participam do 3º Congresso Internacional Povos Indígenas da América Latina na UnB
LII convida para AACC: “Políticas públicas em foco: conversa com egressos da Licenciatura Indígena da UFSC”
Carta de Goiânia
COLETIVO DE REPRESENTANTES INDÍGENAS, COORDENADORAS E COORDENADORES DO PROGRAMA DE APOIO À FORMAÇÃO SUPERIOR EM LICENCIATURAS INDÍGENAS – PROLIND E DA AÇÃO SABERES INDÍGENAS NA ESCOLA – ASIE CARTA DE GOIÂNIA
Representantes indígenas, coordenadoras e coordenadores do Programa de Apoio à Formação Superior em Licenciaturas Indígenas – PROLIND e da Ação Saberes Indígenas na Escola – ASIE, de Universidades Estaduais, Universidades Federais e Institutos Federais de todas as regiões do Brasil, reunidos em Goiânia nos dias 10 a 12/06/2019, considerando a importância fundamental desses programas para garantir a formação inicial e continuada de professoras e professores indígenas em nível superior no país, considerando as vivências na gestão dos programas nos últimos anos, manifestam o entendimento que têm acerca da continuidade, do fortalecimento e da atualização do PROLIND e da ASIE. Sobre o Programa de Apoio à Formação Superior em Licenciaturas Indígenas – PROLIND 1. É necessário transformar o PROLIND em política pública permanente de formação de professores e professoras indígenas, por meio de Portaria específica do MEC. 2. O orçamento a ser disponibilizado aos cursos para o ano de 2019 deve garantir o valor/aluno em formação equivalente ao disponibilizado no ano de 2018, isto é, R$ 6.000,00 (seis mil reais) por aluno, sob pena de, em sendo menor, provocar descontinuidades do pleno atendimento institucional às turmas em andamento. 3. É necessário garantir a prorrogação do tempo de execução dos TED’s do PROLIND, sempre que solicitado, possibilitando às instituições formadoras realizarem plenamente os procedimentos de licitação, empenho, pagamentos e prestações de conta no uso dos recursos disponibilizados. 4. É importante autorizar a utilização do PROLIND também para despesas de capital, possibilitando a aquisição de equipamentos e demandas de infraestrutura necessárias ao melhor funcionamento dos cursos. 5. É fundamental para garantir a continuidade da formação das professoras e professores indígenas a inclusão no orçamento do PROLIND de todas as turmas em andamento e já selecionadas. 6. Os recursos do Programa de Bolsa Permanência do MEC devem ser mantidos e garantidos no orçamento, como medida essencial para a permanência de estudantes indígenas nos cursos. 7. É necessário garantir o repasse de recursos do PROLIND às universidades estaduais, para a garantia do direito de formação de professoras e professores indígenas de turmas em andamento e demais selecionadas no contexto do Edital 2013 nestas instituições. 8. É fundamental para consolidação dos cursos de licenciatura intercultural indígena a disponibilização de vagas específicas para contratação, por concurso público, de pessoal docente efetivo e técnico administrativo com dedicação exclusiva aos cursos. Sobre a Ação Saberes Indígenas na Escola – ASIE 1. É necessário o investimento nas Redes constituídas da ASIE, sob a coordenação das Universidades, para a garantia do respeito aos princípios dos Territórios Etnoeducacionais e também da educação comunitária, como direito à educação específica e diferenciada não atendida no âmbito das secretarias de educação. 2. É necessário para a continuidade da produção de materiais didáticos monolíngues e bilíngues, para atender o direito aos processos específicos de aprendizagens, que sejam mantidas as bolsas da ASIE considerando o período letivo, que vêm garantindo por meio de pesquisas indígenas a manutenção das formações contínuas para a construção de bases epistêmicas interculturais e de metodologias específicas de cada povo indígena. 3. É necessária a continuidade da formação continuada da ASIE com apoio financeiro às IES estaduais e federais e suas redes de formação para não interromper o processo de construção de autonomia das escolas indígenas em vias de consolidação dos avanços epistêmicos e pedagógicos, necessários para a elaboração e avaliação permanente dos Projetos Políticos Pedagógicos das escolas indígenas. 4. É necessário garantir o financiamento da ASIE como condição fundamental para a promoção de pesquisas que resultem na elaboração de materiais didáticos e paradidáticos em diversas linguagens, bilíngues e em línguas indígenas, conforme a situação sociolinguística e de acordo com as especificidades da educação escolar indígena. Considerando o acima referido, solicitamos ao MEC os esclarecimentos seguintes: 1. Quando serão liberados recursos do Prolind para a continuidade das atividades em 2019, tendo em vista os cursos em andamento? 2. Em relação à ASIE, qual é a previsão de continuidade das atividades para 2019, retomando o padrão de 10 bolsas/ano e custeio adequado à realidade sociogeográfica de cada equipe em formação? 3. Qual é o critério para que a ASIE seja estendida aos professores indígenas e comunidades que ainda não foram contemplados com a formação? 4. Qual é a previsão de realização de uma próxima reunião técnica para dar continuidade aos quesitos e encaminhamentos necessários para a operacionalização dos programas PROLIND e ASIE? Por fim, compreendendo a dívida histórica que o Estado brasileiro tem com os povos indígenas, reafirmamos a importância de garantir a continuidade da Educação Escolar Indígena pública e democraticamente construída com professores, estudantes e comunidades indígenas, com o devido respeito às línguas, aos territórios e às culturas dos povos indígenas.
Goiânia-GO, 12 de junho de 2019.
Mensagens aos alunos do curso LII – 3ª etapa de Tempo Universidade, 2019.1
Circular nº04/LII/2019
Para: acadêmicos/as da LII/UFSC
Assunto: Informes sobre a etapa de julho de 2019
Prezadas alunas, prezados alunos do Curso Licenciatura Intercultural Indígena do Sul da Mata Atlântica, turma 2016.
Vocês estão sendo aguardadas/os pela UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA para a terceira etapa do TEMPO UNIVERSIDADE, do semestre 2019-1. Seguem abaixo algumas informações importantes:
Período: as aulas terão início no dia 08/07, às 8 horas, na Sala 110, e término no dia 20/07 às 17 horas. As viagens e saídas serão conforme informações do deslocamento indicadas abaixo.
A presença de todos é imprescindível desde o início dessa etapa, pois junto com o Acolhimento teremos uma Reunião de Planejamento do último semestre do Curso no dia 08/07 às 15h30, na Sala 110, com os seguintes pontos de pauta:
- Reunião Goiânia – situação nacional LIIs / SEMESP / MEC
- Bolsa Permanência
- Posicionamento SED SC
- Presença e Compromisso dos alunos com o Curso e com as Comunidades
- GT LII
- Critérios para Recuperação e Reoferta de disciplinas
- AACCs
- Calendário semestre 2019.2
- Alojamento: regras gerais e específicas
- Projeto “Este Lugar também é seu”
- Comissão de formatura
Alojamento:
– Antigo prédio do Grêmio da Prefeitura Universitária da UFSC, espaço para 30 pessoas em sala única com beliches, disponibilidade de banheiros e chuveiros;
– Antigo prédio do Departamento de Segurança (DESEG), junto à Prefeitura Universitária da UFSC: espaço para 10 pessoas em quartos separados, com dois sanitários com chuveiros. Atenção: esse espaço é prioridade de mães/pais com crianças.
Documentos e materiais a comporem a bagagem da/o estudante:
- Materiais para as aulas: caderno, caneta, lápis, régua, pasta e demais itens convenientes.
- Trabalhos solicitados pelos professores
- Materiais para hospedagem: roupas de cama, banho, cobertas, travesseiro
- Itens para o bem estar: roupas (a temperatura nessa época na Ilha de Santa Catarina varia de 21 a 13 graus, em média), material de higiene pessoal, remédios de uso contínuo (a Licenciatura Indígena não pode comprar ou oferecer medicamentos aos/às estudantes e crianças).
Alimentação:
Será oferecido café-da-manhã no alojamento e almoço e jantar no Restaurante Universitário.
Qualquer gasto extra é responsabilidade dos/as acadêmicos/as.
Crianças:
Como é de conhecimento, a UFSC aceita a vinda de crianças com até 5 anos, filhos/as dos/as acadêmicos/as da LII. Mas, será necessário que os pais/mães assinem um termo assumindo a inteira responsabilidade sobre a guarda das crianças.
O projeto de extensão “Esse lugar também é seu”, coordenado pela educadora Dalânea Cristina Flôr, não terá continuidade nesta etapa, tal como foi conversado e combinado com os pais/mães na etapa passada.
Deslocamento:
Nesta etapa, a UFSC está providenciando a compra de passagens rodoviárias das cidades próximas às aldeias até Florianópolis. Salientamos que a compra das passagens está condicionada a solicitação da compra dentro do prazo acordado, informando corretamente o trecho a ser adquirido. Os comprovantes de compra das passagens serão encaminhados nos e-mails, bem como as instruções para retirada da passagem.
Os alunos que optaram pelo auxílio combustível devem solicitá-lo com antecedência, sendo que o reembolso do valor está condicionado a apresentação de nota ou cupom fiscal devidamente preenchido e nominal a FAPEU (CNPJ 83.476.911/0001-17).
Para os alunos que realizarão viagens de longa distância haverá auxílio alimentação de R$ 25,00 por aluno. O reembolso ocorrerá com a apresentação de nota ou cupom fiscal devidamente preenchido e nominal a FAPEU.
Para os alunos que participarão do CIPIAL:
O ônibus para o CIPIAL sairá da UFSC no dia 01/07 (segunda-feira). Ponto de embarque em frente ao Centro de Eventos. A saída será às 13h, impreterivelmente. Por isso, sugerimos que cheguem ao local de embarque com antecedência. Disponibilizaremos passes do RU para almoço antes do embarque.
Mensagem da comissão de organização do CIPIAL para a delegação LII/UFSC:
“Sua delegação com 25 pessoas poderá se acomodar nas instalações do Templo Mãe Vale do Amanhecer, Planaltina DF. O local conta com dois espaços organizados em masculino e feminino. Cada participante deverá trazer colchonete, roupa de cama e banho e produtos de higiene. O clima no DF é frio nesta época, é indispensável trazer cobertor, temperatura noturna média de 10 graus.
O local oferece café da manhã. A gestão da associação dos estudantes indígenas da UnB, em nome de Núbia Tupinambá, possibilitou que esses serviços sejam gratuitos. Núbia Tupinambá estará responsável pela logística de acomodação, whatsapp 6182261328.
Solicitamos que a lista de participantes enviada seja assinada pelo pro-reitor ou responsável pela política de assistência da universidade de origem. Desse modo, poderemos liberar a gratuidade das refeições no restaurante universitário da UnB. É fundamental que cada estudante tenha em mãos o comprovante de assistência estudantil.
Aguardamos vocês com alegria!”
A coordenação do curso LII deseja excelente viagem a cada qual. Até breve!
A Coordenação.
Ex-Coordenador pedagógico (da 1ª turma da LII) é primeiro indígena a concluir o doutorado no PPGAS-UFSC
João Rivelino Rezende Barreto, pesquisador tukano do Alto Rio Negro, foi coordenador pedagógico da primeira turma do Curso de Licenciatura Intercultural Indígena da UFSC e defendeu em 13 de junho de 2019 tese de doutorado ao mesmo tempo formidável na sua arguição quanto belíssima na sua composição – acompanhando de perto os passos da sua mãe tuyuka, Sra. Maria Clélia Rezende, e em intensa interlocução com seu pai, o kumu tukano Sr. Luciano Barreto, numa cuidadosa reelaboração do saber do povo tukano. Tudo isso, mais ainda nos tempos que correm, merece destaque como fruto pessoal e do movimento indígena. Tudo isso, no entanto, não deve nos fazer perder de vista o fato de que na tese do Rivelino, Yúpuri, é crucial sua convicção sobre a potência radical do saber tukano. Ou seja, se ele adere a esse saber não é unicamente porque é próprio, mas pela força e alcance desse saber. De maneira que o destaque que corresponde à tese de Rivelino não é só pela sua procedência, mas também pelo seu notável mérito acadêmico e pela repercussão que ela tem para uns e para outros, tanto indígenas quanto não indígenas. Tudo isso marca o ritmo da “empolgação” – que é a palavra em português que Rivelino escolheu para traduzir o ato de vibrar e fazer vibrar através da arte do diálogo tukano, úkũsse.
Em breve sua tese de doutorado, intitulada “Úkũsse: forma de conhecimento tukano via arte do diálogo kumuãnica” estará disponível para consulta em https://repositorio.ufsc.br/.
Foi o primeiro estudante indígena a concluir o doutorado no PPGAS-UFSC http://ppgas.posgrad.ufsc.br/2019/06/05/estudante-tukano-e-o-primeiro-indigena-a-concluir-o-doutorado-no-ppgas-ufsc/ e foi destaque em site da UFSC: https://noticias.ufsc.br/2019/06/yupuri-e-primeiro-indigena-brasileiro-a-concluir-o-doutorado-na-ufsc/
Algumas palavras de até logo
O projeto “Este lugar também é seu: uma contribuição para a permanência de acadêmicos indígenas na UFSC!”, iniciado no ano de 2016, foi idealizado a partir de dois aspectos principais:
1) O compromisso com o respeito às crianças e à infância.
2) O conhecimento de uma realidade que exigia encaminhamentos: as crianças, filhas de estudantes da Licenciatura Intercultural Indígena da Mata Atlântica (LLI), da UFSC, acompanhavam suas famílias durante as aulas no Campus Trindade.
Um dos objetivos do projeto era realizar o acolhimento das crianças enquanto seus familiares estivessem em aula, possibilitando a tranquilidade de estudo que os familiares precisavam e o conforto que as crianças mereciam. Afirmamos que este era “um dos objetivos”, porque não era possível pensar simplesmente em “resolver um problema” sem pensar no que isso implicaria. Foi preciso pensar o que significava acolher crianças e o que significava acolher estas crianças, em específico. Foi preciso, também, cuidar para não confundir e não permitir que confundissem este projeto com uma escola paralela às três escolas de educação Infantil que havia no interior do Campus, na época.
A formação como pedagoga e mestre em educação na linha educação e infância e a experiência de 20 anos trabalhando – entre docência e gestão – com a primeira etapa da educação básica contribuíram para elaboração do projeto e sua realização. Também fundamental foi a participação das Técnicas Administrativas em Educação (TAEs) que compuseram a equipe e se engajaram nas atividades. E, ainda, uma conversa inicial com a equipe de coordenação do curso de Licenciatura e com a equipe de gestão do Núcleo de desenvolvimento Infantil (NDI) teve sua contribuição para a elaboração do projeto.
O projeto previa acolher as crianças em lugares que possibilitassem a elas brincadeiras com outras crianças e com brinquedos e materiais variados, projetados para uso por crianças de zero a seis anos; a interação com adultos (TAEs, docentes e estudantes de diferentes graduações) da instituição; o acesso das crianças a conhecimentos produzidos e sistematizados por TAEs, professores e estudantes da UFSC, apresentados de forma lúdica ou adequada à compreensão das crianças da idade em foco; e o uso dos mais variados espaços da UFSC, que apresentassem as condições exigidas pelo projeto. Para tudo isso, era necessário ainda que a equipe estivesse preparada para identificar os lugares adequados e para realizar um acolhimento adequado e respeitoso para as crianças, então, era preciso realizar leituras, discussões e reflexões sobre a cultura indígena e era preciso fazer uma “garimpagem” para identificar espaços, projetos e profissionais que oferecessem as condições exigidas pelo projeto (identificação nem sempre muito fácil) e se dispusessem a contribuir.
Mas, além disso, tínhamos um importante desafio, que faria toda a diferença para o sucesso ou insucesso do projeto: ganhar a confiança das famílias para deixarem seus “bens” tão preciosos – seus filhos pequenos – conosco, e construir uma relação de afeto e confiança com as crianças. Pensando neste desafio, combinamos com a coordenação do curso e famílias que as crianças sempre estariam acompanhadas de uma pessoa da comunidade delas, que faria o papel intitulado pela coordenação e famílias de “cuidadora”.
E assim o projeto iniciou!
O contato inicial da equipe do projeto foi somente com uma cuidadora e as crianças, que timidamente foram se aproximando e se conhecendo. Logo na segunda etapa de acolhimento à equipe do projeto foi convidada a participar da recepção dos estudantes, onde teriam a oportunidade de se apresentar, falar sobre o projeto e ouvir as famílias e estudantes em geral.
Consideramos que este momento importante para o início da construção de um sentimento de confiança por parte das/dos estudantes em geral da Licenciatura e daqueles que tinham interesse ou necessidade de usufruir do que o projeto oferecia. Porém, ressaltamos que esta confiança foi se consolidando, mesmo, no dia a dia, no contato com as famílias, no retorno dado pelas cuidadoras às famílias e a equipe do projeto, no contato com as crianças.
Consideramos as cuidadoras importantes mediadoras entre a equipe e as crianças. Elas contribuíram de forma imprescindível para a construção do vínculo afetivo tão necessário.
Por meio do projeto as crianças indígenas tiveram a oportunidade de conhecer, brincar e interagir com crianças das três escolas de educação infantil localizadas na UFSC; conheceram espaços destinados à infância; interagiram com muitos adultos da comunidade universitária; conheceram e realizaram atividades em laboratórios de química, de física, de animais aquáticos e de insetos; participaram de atividades de projetos relacionados à natureza, ervas medicinais, questões ambientais, capoeira, música e educação física; assistiram ensaio da Orquestra de Câmara da UFSC; participaram de oficina de artes cênicas pensada especialmente para elas; visitaram exposições e participaram de oficina sobre pesquisa arqueológica; passearam pelo Campus Universitário explorando seus espaços, observando suas características, brincando; realizaram atividades lúdicas diversas com a equipe do projeto; participaram do 18º Congresso Mundial de Antropologia (IUAES) e foram tratadas com muito carinho e respeito.
Junto aos momentos de alegria, conversas, aprendizado e muito afeto as crianças foram crescendo e passaram a frequentar a escola de ensino fundamental, o que as fez acompanharem cada vez menos as famílias nas aulas à UFSC. Na etapa de março de 2019, nenhuma criança veio à UFSC, na etapa seguinte, em maio, apenas uma criança veio uma semana inteira e outra veio apenas alguns dias da semana seguinte.
A diminuição da frequência das vindas das crianças foi apresentando um encaminhamento ao projeto, um encaminhamento um tanto quanto difícil para quem construiu uma relação tão afetuosa e de tanta confiança. Era chegado o momento de encerrar o projeto!
A dificuldade deste momento só diminui porque acreditamos que criamos vínculos que serão lembrados para sempre por nós e porque entendemos que alcançamos os objetivos propostos. Proporcionamos certa tranquilidade às famílias que vinham para a UFSC acompanhadas de suas crianças e se dispuseram a apostar em nossa proposta; contribuímos para o curso de Licenciatura Indígena na medida em que ajudamos a resolver um aspecto da especificidade do curso, com o qual a UFSC não tinha se preparado para lidar; e, principalmente, transformamos os momentos das crianças na UFSC em momentos de alegria, cuidado, aprendizado, ampliação de conhecimentos, afeto e interação. Além disso, proporcionamos visibilidade para a presença das comunidades indígenas em diferentes espaços da Universidade, quando buscávamos espaços, projetos, docentes, TAEs e estudantes parceiros para o projeto e quando levávamos as crianças até eles, pois em ambos os momentos falávamos do curso e da importância destes sujeitos – adultos e crianças – no Campus, respondíamos perguntas sobre o curso, sobre a cultura indígena, sobre as diferentes etnias; mediávamos a relação entre as crianças, cuidadoras e parceiros do projeto.
Deste modo, entendemos que contribuímos para tornar a UFSC um lugar também das comunidades indígenas e esperamos que “Este Lugar” se torne cada vez mais deles e de todos!
Se o projeto já não é tão necessário neste momento, sabemos que iniciativas deste tipo poderão ser necessárias mais tarde. Para além disso, sabemos que para muitos grupos, a exemplo dos grupos indígenas, a permanência no espaço acadêmico ainda representa muitos desafios e não é possível depender de iniciativas individuais ou de pequenos grupos para resolvê-los. É necessário uma tomada de decisão institucional para garantir a permanência destes estudantes, se planejando antecipadamente às demandas e, para este tipo de decisão, continuaremos sendo parceiras.
Para finalizar, precisamos fazer alguns agradecimentos:
Em primeiro lugar às famílias que participaram do projeto, pela oportunidade deste convívio e pela confiança que depositaram em nós, e às crianças, que com sua doçura nos fizeram mais doces. Por ambas sentimos uma gratidão imensa!
Agradecemos também às cuidadoras, em especial Maria Lucia Pate – que foi a primeira e a que ficou mais tempo conosco – elas foram fundamentais para alcançarmos os objetivos; à professora Regina Ingrid Bragagnolo que foi nossa parceira por muitas etapas, desde a primeira, e foi quem nos colocou em contato com a coordenação do LLI e com a demanda do curso. Junto à professora Regina, agradecemos o Núcleo de Desenvolvimento Infantil, que foi parceiro em todas as etapas do projeto. Agradecemos ao Centro de Educação Infantil da Associação dos Servidores do Hospital Universitário da UFSC (CEI-ASHU); a escola Flor do Campus; ao Laboratório de Brinquedos do Colégio de Aplicação (LABRINCA); à Sala Verde/UFSC; ao Museu de Arqueologia e Etnologia (MARQUE/UFSC); ao PET de educação física/UFSC; ao Laboratório de Ecologia Terrestre Animal (LECOTA); ao Laboratório de Mamíferos Aquáticos (LAMAQ); à Orquestra de Câmara da UFSC; ao Curso de graduação em arte cênica CCE/UFSC; ao Horto didático do HU/CCS/UFSC; ao Laboratório de ensino, pesquisa e divulgação da ciência (QUIMIDEX); ao Herbário FLOR/UFSC; ao Projeto Capoeira da Ilha, e, por fim, às duas equipes de coordenação do Curso de Licenciatura Intercultural Indígenas da Mata Atlântica/UFSC pelo apoio e confiança.
Um forte abraço da Equipe do projeto “Este Lugar também é seu: uma contribuição para a permanência de acadêmicos indígenas na UFSC”!
NOTA DE PESAR II
É com imensa tristeza que nós, coordenação, professores, alunos de estágio docência, alunos indígenas e egressos do Curso de Licenciatura Intercultural Indígena do Sul da Mata Atlântica manifestamos nossos sentimentos de pesar, tristeza e perda a Keli, Carli, Vilma, Anderson, Copacãm e a todos familiares de Antônio Caxias Popo e todo povo Laklãnõ/Xokleng.
Foi em vida um guerreiro que enfrentou governo e governantes por longas décadas em busca de melhorias para a Terra Indígena Laklãnõ e seu povo, enfrentando também, vários desafios, batalhas e disputas que tiveram grandes resultados e consequências, porém as enfrentou mostrando que um verdadeiro guerreiro não foge da luta. Antônio Caxias nos inspirou com sua trajetória e certamente ficaremos com as melhores de suas narrativas, com as lembranças de seu bom caráter e honestidade. Lembraremos também de quando liderou seu povo com coragem, sabedoria e maestria. Continuará sendo inspiração aos jovens indígenas, lideranças de seu povo e para todos da Terra Indígena Laklãnõ.
Seu papel aqui no mundo não indígena e indígena se cumpriu, seremos gratos por tudo e todas as conquistas que nos trouxe e ensinamentos que nos deixou. Seguiremos neste mundo no qual a batalha continuará, pois resistiremos juntos e fortes e o teremos como inspiração, exemplo de força e persistência, e sempre lembraremos dele em nossos momentos difíceis.
Descanse em paz.
NOTA DE PESAR I
Nós, coordenação, professores, alunos e ex-alunos do Curso de Licenciatura Intercultural Indígena do Sul da Mata Atlântica manifestamos, comovidos, nossos sentimentos em memória da matriarca e anciã guarani Dona Rosa Poty Djá em sua caminhada ao longo de seus 104 anos.
Dona Rosa Poty Djá foi uma das fundadoras da Terra Indígena Mbiguaçu e deixa seu nome na escola indígena WERA TUPÃ-POTY DJA. Fonte de profunda sabedoria, história e conhecimento da tradição Mbya Guarani, suas palavras sempre se voltaram para as crianças e os jovens, acentuando seu profundo valor na cultura guarani. Era chamada de mãe e vó de todos. E também de biblioteca e livro didático. Um exemplo de força, resistência e serenidade que será sempre seguido e lembrado com imensa admiração e gratidão.
Lembrar de Dona Rosa Poty Djá nos faz lembrar da Mãe Terra e do respeito que devemos a ela. Nos faz lembrar também da Terra Mãe, dos atributos de mundo que ela transbordava em sua vida e das potências da terra reunidos nela, sua profundidade no tempo e no espaço em seu radical enraizamento.
Aguyjevete.