SELEÇÃO DE MONITORES PARA ACOMPANHAMENTO DE ESTUDANTES INDÍGENAS NO CURSO DE LICENCIATURA INTERCULTURAL INDÍGENA DO SUL DA MATA ATLÂNTICA

09/05/2022 09:02

SELEÇÃO DE MONITORES PARA ACOMPANHAMENTO DE ESTUDANTES INDÍGENAS NO CURSO DE LICENCIATURA INTERCULTURAL INDÍGENA DO SUL DA MATA ATLÂNTICA

Licenciatura Intercultural Indígena do Sul da Mata Atlântica/Departamento de História/CFH/UFSC

O curso de Licenciatura Intercultural Indígena do Sul da Mata Atlântica torna público a abertura das inscrições destinadas a classificar estudantes que irão desenvolver atividades de monitoria para acompanhamento de estudantes indígenas no curso de Licenciatura Intercultural Indígena do Sul da Mata Atlântica /CFH/UFSC.

  1. DO OBJETO DA SELEÇÃO
    1.1. O presente processo seletivo tem como finalidade formar lista classificatória para o preenchimento de 2 (duas) vagas de bolsista de MONITORIA, nos termos do Ofício Circular No 07/2022/PROGRAD
    1.2. De acordo com a Instrução Normativa n. 001/2019PROGRAD/SAAD, o programa de monitoria visa a) Contribuir para o sucesso da Política de Ações Afirmativas da Universidade, assegurando melhores condições de permanência e desenvolvimento académico aos (às) estudantes beneficiados (as); inserir esses estudantes na realidade universitária, visando minimizar as barreiras sociais, culturais e acadêmicas; contribuir para a qualificação do ensino de graduação, por meio da participação do(a) monitor(a) em práticas pedagógicas; promover o desenvolvimento acadêmico dos (as) Monitores(as) através do diálogo intercultural; criar condições para que o(a) Monitor(a) aprofunde sua reflexão sobre diferentes aspectos do currículo do seu curso e sobre o desenvolvimento de habilidades relacionadas à docência em sua área de formação acadêmica.
  2. DA CARGA HORÁRIA E REMUNERAÇÃO
    2.1. O bolsista de Monitoria exercerá suas funções em 12 (doze) horas semanais durante o período de vigência da bolsa.
    2.2. As bolsas do Programa de Monitoria terão vigência a partir de 27 de abril de 2022, e encerrar-se-ão 03 de agosto de 2022, coincidindo com o semestre letivo 2022.1
    2.3 O valor da bolsa é R$ R$ 472,80, e do auxílio transporte é R$ 132,00. Assim, o valor total da Bolsa de Monitoria Indígena será R$ 604,80, pagos proporcionalmente aos dias trabalhados, a partir do semestre 2022.1
  3. DOS PRÉ-REQUISITOS PARA O PROCESSO SELETIVO E CLASSIFICAÇÃO

O aluno candidato à bolsa de Monitoria deverá:
3.1 Estar regularmente matriculado em curso de graduação da UFSC;
3.2 Não ter colação de grau prevista para o período de vigência da bolsa;
3.3 Possuir índice de aproveitamento acumulado (IAA) igual ou superior a 7,0;
3.4 Dispor de 12 horas semanais para dedicação ao projeto;
3.5 Não ter relação de parentesco direto com a professora supervisora, o que inclui cônjuge, companheiro, parente em linha reta, colateral ou por afinidade até 3o grau;

3.6 Não ter vínculo empregatício ou receber outra bolsa de qualquer natureza (exceto a Bolsa Estudantil instituída pela Resolução no 32/CUn/2013).

  1. DAS INSCRIÇÕES

4.1 As inscrições deverão ser realizadas no período de 9 de maio 2022 a 12 de maio de 2022, por meio do e-mail (). Escrever no Assunto do e-mail: SELEÇÃO de MONITORES PARA ACOMPANHAMENTO DE ESTUDANTES INDÍGENAS As informações a serem fornecidas são:
I – Nome completo, endereço de e-mail, número de matrícula;
II – Histórico escolar atualizado;

III – Link do Currículo da Plataforma Lattes/CNPq (http://lattes.cnpq.br/).

4.2 A lista com as inscrições deferidas com data e horário da seleção (item 6.1 deste edital) será publicada na página do Curso de Graduação em Licenciatura Intercultural Indígena t do Sul da Mata Atlântica (https://licenciaturaindigena.ufsc.br) no dia 13 de maio de 2022 e será enviada aos e-mails dos alunos inscritos.

  1. DAS ATIVIDADES A SEREM DESENVOLVIDAS
    5.1. Compete ao bolsista:
    5.1.1. Executar plano de trabalho a ser definido pela supervisora, com uma carga horária de 12 horas semanais, sob a orientação da professora supervisora;
    5.1.2 Nos casos de substituição ou cancelamento, em até 30 dias, o bolsista que encerrou as suas atividades deverá apresentar o relatório das atividades desenvolvidas até a data da interrupção.

5.2. Compete a professora supervisora:
5.2.1. Orientar o bolsista nas distintas fases do trabalho de monitoria;
5.2.2. Aconselhar e acompanhar o aluno na elaboração do relatório final;

  1. DA SELEÇÃO e DIVULGAÇÃO DO RESULTADO
    6.1 A seleção será realizada, pela professora supervisora de modo remoto, em data a ser divulgada após o fim das inscrições.
    6.2 A seleção dar-se-á mediante entrevista oral de forma remota que será realizada para aferir: a) os conhecimentos gerais do candidato sobre a temática indígena; b) as potencialidades do candidato para o desenvolvimento das atividades de monitoria; e c) história acadêmica do candidato, comprovada mediante currículo e histórico, e sua disponibilidade de tempo para a dedicação às atividades de monitoria.
  • 1o Os candidatos terão sua entrevista avaliada com uma nota variável entre zero e dez.
  • 2o As entrevistas deverão ocorrer em ordem alfabética da lista geral de inscrições deferidas.
  • 3o A entrevista será feita remotamente, via vídeo chamada (link será enviado pela professora supervisora em plataforma a ser definida), sendo pública, vedada a audiência dos demais candidatos participantes do processo seletivo.

6.3 O aluno selecionado somente poderá iniciar suas atividades após assinar o Termo de Compromisso de estudante bolsista.

6.4 O resultado da seleção será divulgado no site do Curso de Graduação em Licenciatura Intercultural Indígena (https://licenciaturaindigena.ufsc.br)

  1. DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
    7.1 A bolsa de monitoria não gera vínculo empregatício com a Universidade, podendo o aluno ou o Departamento, pedir a dispensa do exercício das funções de monitoria a qualquer tempo, mediante justificativa.

7.2 Quaisquer pedidos de reconsideração podem ser feitos diretamente a professora supervisora responsável pelo processo seletivo em até 24 horas do ato a ser impugnado.

Florianópolis, 9 de maio de 2022

 

CARTA AOS CANDIDATOS E CANDIDATAS APROVADOS NO VESTIBULAR DA LICENCIATURA INDÍGENA 2022 – UFSC

18/03/2022 09:25

Florianópolis, 17 de março de 2022.

 

Caros candidatos e candidatas aprovados para o curso de Licenciatura Intercultural Indígena do Sul da Mata Atlântica, sejam muito bem-vindos e muito bem-vindas!

É com grande alegria que recebemos sua aprovação para compor nossa terceira turma do curso e a primeira após sua aprovação de forma regular na UFSC. Gostaríamos de enfatizar a importância de sua presença nesta universidade neste momento histórico e oferecer nossas boas-vindas com os braços e os corações abertos para que juntos possamos trilhar estes próximos quatro anos com muito respeito, sabedoria, coragem e força.

O curso de licenciatura intercultural indígena da UFSC foi se transformando desde sua primeira edição, quando era financiado por um programa externo (PROLIND/MEC), até agora, momento em que conquistamos nossa completa institucionalização nesta universidade, contudo momento também em que não contamos mais com verbas externas para sua realização. Tais mudanças se por um lado nos causam orgulho pela importância e reconhecimento que a UFSC tem nos oferecido com a aprovação deste curso, por outro nos apresentam enormes desafios em sua continuidade, a fim de oferecer um curso de qualidade, (inter)culturalmente específico, acolhedor à diversidade e inspirador de tantas maneiras – com os poucos recursos que nossa universidade possui neste momento em que estamos vivendo, frente à enorme corte de verbas à educação pública e à pesquisa no Brasil. Mas temos a certeza que, mesmo com muitos obstáculos pela frente, nosso sonho de uma universidade plural e nossa vontade compartilhada de fazer parte desta história de luta e conquista, trilhada há muito por sábios, lideranças e acadêmicos indígenas  e não indígenas muito antes de nós.

Para iniciar esta caminhada precisamos estar atentos a alguns passos desta etapa:

ATENÇÃO PARA A MATRÍCULA

É importante se atentar aos dias de matrícula e aos documentos necessários conforme constam abaixo e nas páginas: https://licenciaturaindigena2022.ufsc.br/ e https://licenciaturaindigena.ufsc.br/

Dias de matrícula – 1ª Chamada – 21/03/2022 a 07/04/2022

Documentos necessários:

  • declaração negativa, assinada, de matrícula simultânea em outro curso de graduação da UFSC ou em outra instituição pública de ensino superior (em anexo à Portaria de matrícula e na página do curso );
  • documentos de identificação (RG e CPF) com os quais se inscreveu no Vestibular UFSC/2022/Licenciatura Intercultural Indígena;
  • certificado e histórico escolar do ensino médio ou equivalente ou diploma de ensino superior;
  • declaração de pertencimento a uma comunidade indígena, assinada pelo cacique da respectiva aldeia ou terra indígena e pelo aluno (em anexo à Portaria de matrícula e disponível na página licenciaturaindigena.ufsc.br);
  • atestado de vacinação contra rubéola (para candidatas do sexo feminino até 40 anos – Lei nº 10.196/1996/SC);
  • comprovante de vacinação contra a Covid-19 (serão aceitos como comprovante o certificado de vacinação emitido pela plataforma ConecteSUS ou “comprovante/caderneta/cartão/passaporte de vacinação impresso em papel timbrado, emitido no momento da vacinação por instituição governamental brasileira ou estrangeira, com dados legíveis e correta identificação do portador – candidatos com contraindicação para a vacina contra COVID-19 deverão apresentar atestado médico justificando a contraindicação, com informações médicas precisas a esse respeito – Resolução Normativa 103/2022/CGRAD).

 

 Caso os documentos não estejam autenticados deverão os originais ser apresentados para conferência na Coordenadoria de curso, quando da retomada das atividades presenciais na UFSC, em 25/04.

Toda matrícula será online e quem tiver dúvidas pode nos escrever que podemos ajudá-los:

Email da secretaria –

Telefone da secretaria 3721-2600 (atendimento presencial toda quarta das 08 às 12 ou com agendamento prévio)

Whatsapp 48-996087565

Faremos plantões presenciais na secretaria para ajudá-los na matrícula nos dias 21/03, 30/03 e 06/04 – das 08 às 12 e das 14 às 16.

Não percam os prazos!!

Atenciosamente,

Juliana Salles Machado
Coordenação do curso Licenciatura Intercultural Indígena
do Sul da Mata Atlântica
CFH – Centro de Filosofia e Ciências Humanas
Bloco D – 1º Piso
Campus Trindade

LIcenciatura Intercultural Indígena do Sul da Mata Atlântica lança segunda coleção de livros

14/12/2021 14:28

A segunda coleção de livros da Licenciatura Intercultural Indígena do Sul da Mata Atlântica da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) será lançada nesta quinta-feira, 16 de dezembro, às 17h, pelo Youtube. Fazem parte da coleção “Kuri’y Zág Fág”: Vol.1: Ensino e Natureza, Vol.2: Culturas e Memórias e a cartilha Projetos Interdisciplinares para o Ensino Médio Indígena, todos na versão impressa e também na forma de e-books digitais e gratuitos.

Os livros são resultado de trabalhos de conclusão de curso da segunda turma da Licenciatura Indígena, e a cartilha é baseada nos planos de ensino dos estágios dos alunos Guarani, Kaingang e Laklãnõ/Xokleng da mesma turma. As obras materializam o esforço e a qualidade das pesquisas defendidas pelos estudantes indígenas. O evento de lançamento contará com uma roda de conversa com as organizadoras e alguns dos autores e autoras.

Acesse os e-books:

Kuri’y Zág Fág Vol.1: Ensino e Natureza

Kuri’y Zág Fág Vol.2: Culturas e Memórias

Projetos Interdisciplinares para o Ensino Médio Indígena

Nota de repúdio e Apoio às Manifestações da Apib, ANMIGA, Instituto Kaingang, Cimi-Sul e ABA sobre a Violência na Terra Indígena Serrinha (RS)

20/10/2021 08:35

Basta de arrendar vidas indígenas! 

A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) e a Articulação dos Povos Indígenas do Sul (Arpinsul) denunciam a omissão do Governo Federal sobre as práticas criminosas de arrendamento cometidas em Terras Indígenas do povo Kaingang, no Rio Grande do Sul (RS). Um processo que coopta e corrompe lideranças colocando indígenas contra indígenas em uma política de violência incentivada pelo atual Governo, fomentada pelo agronegócio e que gera mortes.

Repudiamos de forma veemente toda violência que tem acontecido nas TIs Serrinha, Nonai, Ventana, Carreteiro e Guarita, no Rio Grande do Sul, que ameaçam as vidas dos velhos, crianças, mulheres e homens do povo kaingang.

Nos solidarizamos com as famílias que perderam seus parentes assassinados e com as pessoas expulsas de suas casas, neste sábado (16), para a violência alimentada pelo agronegócio com o arrendamento de parte da TI Serrinha, localizada no município de Ronda Alta (RS), para o plantio de soja.

Alertamos sobre a necessidade das instituições de controle e fiscalização do Estado agirem imediatamente para impedir o avanço da violência nas TIs do Rio Grande do Sul. Basta de abandono do Estado, conivência com o roubo de terras e basta de mortes. É preciso impedir que os arrendamentos sejam legalizados com a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 187, que tramita no Congresso Nacional e pretende legalizar a prática em todo o país. A proposta ruralista é mais uma ameaça aos direitos constitucionais dos povos indígenas e pode agravar ainda mais o quadro de violências contra os povos originários.

“Desde a época do SPI (Serviço de Proteção ao Índio) o arrendamento das Terras Indígenas no Sul é feito com o incentivo do Estado e quem era contra acabava sendo assassinado, expulso ou preso. Depois com a Funai (Fundação Nacional do Índio), na década de 70, as violências continuaram. A partir da década de 80 o povo Kaingang começou a praticar arrendamento e os conflitos seguem até os dias atuais com o agravamento da violência política alimentada pelo agronegócio que arma milícias para perseguir e matar nossas lideranças”, alerta Kretã Kaingang, coordenador executivo da Apib.

Se nós não enfrentarmos o Estado, se nós não enfrentarmos os políticos, se nós não enfrentarmos o agronegócio nós não vamos conseguir parar com os arrendamentos e com os conflitos nas terras indígenas.

Sangue indígena nenhuma gota a mais!


Manifesto das mulheres da Rede ANMIGA
Pela vida das mulheres: CHEGA DE VIOLÊNCIA CONTRA O CORPO TERRITÓRIO DAS MULHERES INDÍGENAS

Poucos dias depois da nossa maior celebração de força das Mulheres Indígenas na II – Marcha das Mulheres realizada em setembro de 2021.
Nós, Mulheres Indígenas nos deparamos ontem, hoje e amanhã com a tamanha violência ocorrida com as nossas parentas no sul do Brasil.

A violência é nossa inimiga e adversária de bem-estar das mulheres dentro dos seus territórios, somos em muitas lutas em âmbito nacional e internacional. Somos sementes plantadas através de nossos cantos por justiça social, por demarcação de território, pela floresta em pé, pela saúde.
Somos mais de 305 Povos, falantes de 274 línguas. Somos aproximadamente 900 mil indígenas, sendo 448 mil mulheres. Nós, Mulheres Indígenas, lutamos pela demarcação das terras indígenas, contra a liberação da mineração e do arrendamento dos nossos territórios, contra a tentativa de flexibilizar o licenciamento ambiental, contra o financiamento do armamento no campo.

Enfrentamos o desmonte do nossos direitos.

Por isso manifestamos a nossa solidariedade a todas as irmãs Kaingang da comunidade/aldeia Serrinha que não ficaremos caladas.

Como calar diante de um ataque? Diante de um Genocídio que faz a Terra gritar mesmo quando estamos em silêncio?

Em favor da vida e contra as constantes violações e violência com os corpos território das mulheres e seus direitos, aprofundadas no contexto do arrendamento de terras indígenas, é urgente fortalecer o cuidado com a saúde e defesa de vida das parentas através de rede de apoio e parceiros.

Convocamos MPFs e demais autoridades, que comparecem e clamamos por justiça em favor da vida dos parentes.

Mulheres terra, mulheres água, mulheres biomas, mulheres espiritualidade, mulheres árvores, mulheres raízes, mulheres sementes e não somente mulheres guerreiras da ancestralidade.

#MarcotemporalNÃO🏹
#ArrendamentoMata🏹
#VidasIndígenasImportam🏹
#LutaPelaVida🤝🏽🏹🏹


NOTA DE REPÚDIO CONTRA TODO ATO DE VIOLÊNCIA NA TERRA INDÍGENA SERRINHA – INSTITUTO KAINGÁNG

A Organização Indígena Instituto Kaingáng – INKA, vem a público, repudiar veementemente todo e qualquer ato de violência física, cárcere privado, intimidações, tortura, morte e toda a forma de opressão contra velhos, crianças, mulheres e homens indígenas do povo Kaingáng, moradores da Terra Indígena Serrinha (RS) onde a sede do INKA está localizada e atua pacificamente com educação e cultura indígena na região há quase 20 anos.

O INKA não compactua com nenhuma forma de mal e vem buscando durante sua caminhada a revitalização, o fortalecimento e a valorização da cultura Kaingáng, onde nessa base encontra-se o respeito aos nossos velhos, onde reside a sabedoria do povo Kaingáng.

Episódios de violência aberta e deliberada de caráter político interno na Terra Indígena Serrinha vem se estendendo por meses, acirrada com a morte do cacique Ronaldo Claudino em julho de 2020, ainda que muitas medidas tenham sido tomadas na forma de denúncias realizadas pelas vítimas desse atos, quer pela mídia, pelo clamor popular de indígenas durante esse tempo ou pelo acionamento jurídico e de direito contra essas forças, além do alerta junto a organizações como a Funai, Ministério Público Federal, Justiça Federal e outras tenha sido declarado, a violência e a truculência do poder político interno permanece se impondo na Terra Indígena Serrinha, onde a própria sede do INKA no local já mostra indícios de depredação.

O INKA é gerido exclusivamente por mulheres indígenas Kaingáng e dessa forma, por razões, inclusive de gênero, vem tornar público que membros do INKA, mulheres, idosas e crianças foram alvo das chamadas “transferências”, atos cruéis, coordenados a mando da liderança culturalmente corrompida do local onde indígenas são forçados a saírem de suas casas, abrindo mão de sua dignidade, muitos apenas com a própria roupa do corpo, com seus bens atirados em caminhões, debaixo de humilhações e sofrendo inclusive risco de morte, como de fato ocorreu em Serrinha nesta data.

Dentre os indígenas de Serrinha expulsos, está a presidente do INKA e coordenadora do Ponto de Cultura Kanhgág Jãre, a educadora indígena Andila Kaingáng, anciã do povo Kaingáng e uma das últimas matriarcas da grande família Inácio, que participou ativamente da retomada de Serrinha e que reivindica na justiça a concessão de medida de segurança a fim de retirar móveis e pertences pessoais como também da Organização Indígena que preside.

Também foram expulsos alguns integrantes da diretoria do INKA entre profissionais da Saúde, Direito, Educação, e artistas e artesãos que atuam em projetos desenvolvidos pela instituição e que contribuem em ações educativas em prol do povo Kaingáng há vários anos no local, entre mulheres, crianças e jovens como Vãngri Kaingáng, Siratan Katir, Susana Kaingáng, Fernanda Kaingáng, Tenh Inácio Sales, Arian Kãgfér, Camila Candinho, Joféj Candinho, Elisane Loureiro e outros.

No início de 2021, o INKA, juntamente com alguns destes indígenas, que em sua maioria trabalham com artesanato na Serrinha, estiveram realizando o trabalho “Expressões Culturais Tradicionais do Povo Kaingáng”, onde também estavam presentes muitos dos velhos que ainda sobrevivem guardando as tradições e valores Kaingáng, como a nossa anciã Alsira Inácio, que faleceu adoecida, pouco tempo depois na Terra Indígena Serrinha pelas pressões exercidas e agravadas pelos conflitos internos que poderiam ter sido evitados pela justiça, que no Brasil é falha e tardia.

Outros agentes culturais que integraram diversos trabalhos educativos do INKA sofreram agressões físicas, tendo sua liberdade privada na aldeia Serrinha, sofrendo espancamentos nas conhecidas “cadeias”, como o indígena chamado por Gueli, Valdir Mig Carvalho, artesão kaingáng na Terra Indígena Serrinha, preso no banheiro do ginásio da aldeia, usado como cárcere, nesta última quarta (13), junto com sua esposa Patrícia Candinho e Sidinei Inácio, também artesãos. Estes locais degradantes continuam a ser defendidos como culturais, inclusive recentemente pela liderança de Serrinha em discurso para mídia local, sustentando tal argumento perverso mesmo sendo convocado para explicar a morte de jovens indígenas Kaingáng queimados vivos na comunidade onde ele não reside.

O INKA, até mesmo em suas ações para distribuição de cestas básicas para o povo indígena da Serrinha durante a pandemia, inadmissível em uma terra com milhares de hectares em perfeitas condições de plantio, realizou as entregas sob o olhar de integrantes do poder político interno em tom perfurante.

O INKA, mesmo cerceado nesse tempo, permanece acreditando no poder transformador da cultura e da educação indígena e mesmo não atuando de maneira direta com temas como o combate à violência, crimes e outras formas de opressão que vem ocorrendo na Terra Indígena Serrinha, buscou de inúmeras formas, principalmente a partir de seus membros, redes de apoio, denúncias e toda espécie de ajuda para auxiliar os indígenas vítimas de toda a sorte de males no local.

É assim que o INKA vem manifestar-se, usando da publicação desta nota em sua página oficial na internet, para clamar por justiça e repudiar todos os atos de violência e morte contra indígenas do povo Kaingáng na Terra Indígena Serrinha, contra toda a forma de mal que vem sendo empregada, contra a corrupção de lideranças indígenas no lugar, contra a opressão à mulheres indígenas, idosos, crianças e homens que tem clamado por paz e pela divisão justa e equitativa das terras na aldeia Serrinha, onde o INKA tem se firmado pela força da educação e da cultura indígena Kaingáng, com uma atuação de frutos visíveis para todos aqueles que se dispuserem a buscar e acessar informações sobre o trabalho do INKA, que por meio do Ponto de Cultura Kanhgág Jãre, o 1⁰ Ponto de Cultura em uma Terra Indígena do Brasil, tem levado a cultura Kaingáng por onde vai, há quase 20 anos.

Gratidão a Topẽ que tem nos mantido vivas nesse tempo e lamentamos profundamente todos estes acontecimentos. Pedimos que compartilhem esta nota se assim desejarem.

Organização Indígena Instituto Kaingáng, 16 de outubro de 2021.


Nota do Cimi Regional Sul em repúdio às violências em terras indígenas

Os que arrendam as terras indígenas precisam ser responsabilizados pelos crimes e pelo incentivo, de fora para dentro das comunidades, à violência. Fechar os olhos para os crimes é avalizá-los

Arrendamentos da morte!

O Conselho Indigenista Missionário – Cimi Regional Sul vem a público denunciar as práticas criminosas de arrendamentos de terras indígenas que desencadearam, nos últimos meses, uma série de violências em áreas Kaingang no Rio Grande do Sul.

Há registros de conflitos internos, em função dos arrendamentos, nas terras de Nonoai, Serrinha, Ventara, Carreteiro e Guarita.

Não se pode mais continuar tapando o sol com a peneira. Ou os órgãos de controle e fiscalização da lei agem ou se tornarão cúmplices da exclusão, da fome, do abandono e das mortes nas terras indígenas.

É chegado o momento de se reverter o quadro perverso de esbulho e violência e começar a identificar e processar os que se beneficiam da produção de soja transgênica dentro das áreas indígenas. São   grupos de pessoas que há décadas exploram os bens da União, terras que deveriam ser destinadas ao usufruto exclusivo dos povos. Os que arrendam as terras indígenas precisam ser responsabilizados por esses crimes e pelo incentivo, de fora para dentro das comunidades, à violência. Fechar os olhos para os crimes é o mesmo que avalizá-los.

O Cimi Sul repudia veementemente todas práticas de violência internas e externas. Mas esse dia, 16 de outubro de 2021, ficará marcado como um dos mais sombrios e cruéis da história recente dos povos originários. Há notícias de que quatro pessoas foram assassinadas, como resultado de um conflito interno, dentro da Terra Indígena Serrinha, município de Ronda Alta, no norte do Rio Grande do Sul. Muitas outras acabaram sendo espancadas, aprisionadas e tudo para saciar a saga do lucro e da ganância sobre os bens indígenas.

O Cimi Sul denuncia essa prática de esbulho e as violências contra a vida dela decorrentes.  Denuncia, também, a omissão e negligência, premeditada ou não, dos órgãos públicos que deveriam atuar no sentido de proteger os bens da União e manter em segurança as comunidades.

O Cimi Sul, diante da antipolítica indigenista que incentiva a exploração das áreas, se coloca de forma radical contra toda e qualquer perspectiva de uso das terras, seja por meio de arrendamentos, parcerias agrícolas ou outras formas de esbulho.

O Cimi Sul solidariza-se com as vítimas das violências, mas, especialmente hoje, repudia a covardia dos crimes e manifesta seus pêsames aos familiares daqueles que foram assassinados.

Há que se dar um basta aos arrendamentos, essas práticas que excluem, marginalizam e matam os filhos da mãe terra.

Chapecó, SC, 16 de outubro de 2021

Conselho Indigenista Missionário – Regional Sul


A ABA solicita ações imediatas dos poderes públicos para conter a grave situação de violência na Terra Indígena Serrinha, RS

A Associação Brasileira de Antropologia (ABA), com sua Comissão de Assuntos Indígenas (CAI), vem a público manifestar a sua grande preocupação com a situação de extrema violência na Terra Indígena Serrinha, no Rio Grande do Sul. Esta semana nos chegou pelas mídias e por testemunhos de indígenas da região, notícias sobre uma escalada de ameaças de morte, que ao que consta culminou com os assassinatos de pelo menos três indígenas até este domingo, dia 17 de outubro.

Divulgou-se amplamente nas mídias sociais desesperados pedidos de socorro dos indígenas, muitos deles acompanhados de relatos sobre ameaças de morte, sem que nenhuma ação oficial tenha sido encaminhada para lhes assegurar a proteção necessária pela Fundação Nacional do Índio (FUNAI), Ministério Público Federal (MPF) e/ou Polícia Federal (PF), apesar da situação de conflito já ser de amplo conhecimento de todas as instituições. E o que inicialmente eram ameaças materializou-se em mortes e um contexto de violências que dificilmente se estancará se não houver ações imediatas dos poderes públicos.

O pano de fundo destes conflitos se assenta em uma realidade permeada por ilegalidades em relação aos arrendamentos de terras indígenas para a produção extensiva de grãos, que se iniciou com o Serviço de Proteção aos Índios (SPI), foi referendada pela FUNAI, e tem se intensificado com as políticas e ações do atual governo federal, para entregar as terras indígenas ao agronegócio. Esses arrendamentos realizados ilegalmente com empresários do agronegócio têm causado alta concentração de terra nas mãos de poucas famílias, alto grau de contaminação pelos insumos agrotóxicos, desmatamentos, comprometimento da autosustentação alimentar de parcelas da população, além de sucessivos conflitos entres os núcleos domésticos Kaingang, especialmente com aqueles núcleos que não aceitam e discordam dos arrendamentos.

A ABA e sua Comissão de Assuntos Indígenas solicitam dos órgãos competentes, Fundação Nacional do Índio (FUNAI), Ministério Público Federal (MPF) e Política Federal (PF) que: (a) as instituições do Estado estejam presentes para garantir a segurança física e social dos indígenas na região; e (b) todas as ações ilegais sejam apuradas e os crimes esclarecidos com urgência. A Comissão Nacional de Direitos Humanos (CNDH), que visite o local para apurar as responsabilidades dos órgãos do Estado em todo o processo.

Esperamos que a situação de ilegalidade atual seja estancada, de tal modo que os próprios Kaingang possam encontrar as suas formas próprias de resolução de conflitos. Solicitamos que o assédio e a violência constante bem como as pressões externas ameaçadoras e ilegais de particulares interessados nos arrendamentos não possam mais se manter a partir das garantias a serem oferecidas pelas instituições do Estado.

Brasília, 18 de outubro de 2021.

Associação Brasileira de Antropologia – ABA e sua Comissão de Assuntos Indígenas – CAI

ANÚNCIO DE APROVAÇÃO DE CURSO E NOTA DE AGRADECIMENTO

25/08/2021 18:45

Dia 25 de agosto de 2021.

É com imensa alegria que hoje, dia 25 de agosto de 2021, comunicamos a aprovação de nosso Projeto Pedagógico do Curso de Licenciatura Intercultural Indígena do Sul da Mata Atlântica pela Câmara de Ensino de Graduação da Universidade Federal de Santa Catarina! Nosso curso agora é permanente nesta universidade! A UFSC também é Indígena! Teremos em nosso curso entradas quadrienais, garantindo aos povos Guarani, Kaingang e Laklãnõ/Xokleng o acesso a um curso específico e diferenciado de formação de professores indígenas para suprir as demandas nas aldeias no fortalecimento dos currículos diferenciados de suas escolas, conforme garante a Constituição Federal de 1988 e legislação infraconstitucional.

Dia histórico para nós, pois é hoje também que está novamente em pauta no Supremo Tribunal Federal (STF) a retomada do debate e a votação sobre o “marco temporal”, em processo específico de análise da ação de reintegração de posse movida pelo governo de Santa Catarina contra o povo Laklãnõ/Xokleng, referente à Terra Indígena Laklãnõ, onde também vivem indígenas Guarani e Kaingang. O processo tem “repercussão geral” desde 2019, portanto, sua decisão servirá de diretriz para o governo federal e todas as instâncias do Judiciário no que diz respeito à demarcação de terras indígenas no país. Sua importância recai também sobre todas as propostas legislativas referentes aos direitos territoriais dos povos originários.
O eixo integrador de nosso curso de Licenciatura Intercultural Indígena é Territórios e
Conhecimentos Indígenas no Bioma Mata Atlântica – reforçando o nosso reconhecimento sobre a importância dos territórios para os povos originários e somando-se à luta por seus direitos territoriais.

Neste dia de luta e comemoração, agradecemos publicamente a todos, todas e todes na força conjunto em construir o curso de Licenciatura Indígena na UFSC nos últimos 10 anos, em que o nosso curso viu nossa rede crescer na UFSC. Contamos hoje com uma rede de treze Departamentos aos quais oferecemos nossa gratidão: História, Antropologia, Museologia, Direito, Ecologia e Zoologia, Geociências, Metodologia de Ensino, Estudos Especializados em Educação, Engenharia Sanitária e Ambiental, Psicologia, Libras, Artes, Língua e Literatura Estrangeira.
Também importante ressaltar nosso agradecimento à construção conjunta e ao apoio das Secretarias de Estado da Educação de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, ao PROLIND/MEC, à FUNAI.

Por fim, ressaltamos o esforço da direção do CFH, do Gabinete da Reitoria, do DEN, da PROGRAD e da Câmara de Ensino de Graduação nesta importante aprovação, tecendo junto com esta coordenação de curso e os 13 departamentos, cursos e docentes que atuam neste grande movimento que marca o compromisso institucional e pessoal em garantir uma universidade pública diversa para todos, todas e todes.

Coordenação da Licenciatura Intercultural Indígena do Sul da Mata Atlântica